sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O Tempo se Passa


No apontamento da tarca da vida,
por muitas moradas, recorri e pousei.

Desde piazita, uma guerreira nas peleias.
Desde piazita, para uma peleada, nunca me recusei.

Foi neste ritual primitivo, que escrevi história, pisando miúdo e forte, nunca 
parei!

Na insistência costumeira e na rudez de cada dia, letrada fiquei, e no topo, eu cheguei.
Não contente com o título, que conquistei,
ao estudo voltei, e de novo ganhei.

No rigor da contagem do tempo, eu logo pensei.
Um índio campeiro, vivente da esquila, despacito cruzei.

Este quera, ao qual me refiro, originado nos campos,
das ovelhas e do gateado manso, que recorre a terra.

Vem de encontro num trote calmo, aos olhos meus.
E na simplicidade da sua fala, curta e direta, logo escreve o tempo.

Sem muito o que esperar, o casamento se faz momento.
E no adiantar do tempo, logo o fruto, no ventre pede morada.

E o dia chegou, e o piazito chorou, e de mim arrancou,
lagrimas de alegria, pois no rancho, eram dois, agora aumentou.

E esta história não acabou, este guri, forte e alegre, me conquistou.
E lá na fazenda, na minha pousada, um petiço te espera.
Pra quando tu crescer, contigo trotear e juntos prosear, e eu
te contar, o amor que nunca é tapera.

Marcos Alves.

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Uma História de Guri


Meu pensar é traiçoeiro, feito cavalo mal domado,
quando enfio as esporas nas ideias, logo me vem o passado.

Em um trajeto mal escrito, de muita realidade e pouco sonho,eu guri, que ali deixado, no costado dos avôs, vi o passar da lua e do sol.

No trote de cada dia, fui em busca da minha essência.
Meu avô, um verdadeiro campeiro, conhecedor da lida e da vida, fez de mim um grande homem, pra hoje, amanhã e pra toda a minha existência.

Foi na felicidade alheia, que fui forjando o aço dos meus sentimentos como quem forja uma faca.
Pouca família, poucos amigos, e o que sobrou, foi a tarca dentro de mim, onde apontava a cada momento, o fim do que não mata.

Os dias se passaram, e pirilampos na escuridão, iluminaram a estrada de céu cinza,
e na ponta da lança, já cansado, outra história começou.
A vida, como um rio, abre caminhos, logo deu de relho no ruim e o mal ela contornou.

Eu, já um tapejara, busquei a felicidade a cada amargo sorvido.
E nesta busca, a prenda se fez presente, e ausente a tristeza.

O amor quando encontra um gaúcho, é como um chá que cura.
Aos poucos dei de coice no passado, e não existe mais tortura!

Marcos Alves.

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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O Amor de um Fronteiriço



Um fronteiro de alma, coração e comportamento,
tem no seu ser, a certeza da sua existência.

Em uma busca não sentida, mirava horizonte a procurar.
E foi nos olhos dela, que definiu as batidas de seu coração.

Um amor macanudo e na medida, foi correspondido.
E ela, uma menina, na pureza do seu tempo, logo deu costado.

E quem de longe tironeia o laço, na busca da certeza,
logo enxerga seu amor rodeando seu compasso.

Em uma galhardia própria, vinda do passado.
Conheceu ao lado dela, a saudade de um dia ser teatino.

Na exigência do seu amor, nunca aceitou imperfeição no sentimento.
Logo pediu a moça em casamento, e juntos contemplaram momento.

E o índio, nascido do sal, definiu sua trajetória em forma de amor.
Nos braços dela, a cada dia e momento, ele agradece ao senhor.

E a cada cevada, na cópia de cada dia, que ele se declara.
O amor pediu lugar, e ela a aceitar, abriu a porta do seu rancho.

A historia é repedida, e eles a comeram no riscar de cada lua.
O dias se passaram, e o fruto no ventre dela, a vitória foi toda sua.

Marcos Alves.

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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Eles e Eu

Orgulho e satisfação, é sentimento que entranha em meu coração.
No significado mais sublime do amor, tento entender esta sensação.

No rancho, no início, era eu e ela, hoje, bem longe do fim, são eles e eu.
São as razões que explicam a pureza do amor, do amor que é todo meu!

Abençoado patrão celeste, que tudo fez e tudo sabe, e que não deixou por menos.
Me trouxe o melhor desta concepção de vida, o amor que de tão vasto,  quase não cabe.

Na sombra que se forma pela aba do meu chapéu, abrigo eles e ela,  que são os motivos e as razões  da minha existência.
No chimarrão cevado, junto a cada fim de madrugada, como quem bombeia o horizonte a qualquer hora, meu pensamento insiste nesta vivência.
Rumino bem lá dentro, ao sorver de cada amargo, em um ritual de agradecimento, quando enxergo ali defronte, as luzes da minha aurora.
Não encontro outra história, tão bela e sincera, nem nas patas do melhor cavalo correndo por fora, eu teria outra vida, como esta de agora.

Eu e ela, eles e eu, algo que não se explica em um simples verso.
É mistura de felicidade e medo, tudo, em um mesmo universo.

Marcos Alves.

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Alma e Propriedade


Neste pampa de campos largos, fronteiriço por excelência, onde o cavalo e o homem, misturam alma e propriedade.

É na rudez de sua essência, que debaixo de um tarumã, na sombra da história, a vida campeira se faz saudade.

Somos todos tentos da mesma lonca, buscamos a verdade neste pampa sulino,
Não temos motivos de ser teatino, e nem fazer da alma campeira, uma porta para enfermidade.

Queremos o que é nosso, o que nos foi dado pelo patrão velhos lá de cima.
Somos autênticos, feitos do barro, temos nossa liberdade.

Alma campeira, firme como cerne de coronilha que ródea a tropilha.
Vivente, que do mate do dia a dia, bombeia no risco do horizonte as ovelhas em vigília.

Busca na saudade do pensar a eterna lembrança pampeana.
Uma história vivida e outra contada no favo de cada bombacha.

E todo gaudério, seja novo ou seja velho, tem no couro as escritas do tempo que se passa.

A cada passagem nesta vida, o dito de agora, vira o conto de cada porteira, e o guri que do ventre protegido, nasce da história com sua alma campeira.

Marcos Alves.

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