Filho, te aprochega e afrouxa o barbicacho, senta e pega um mate, pois vou contar, o que deste mundo eu sei.
Nem por todo o regalo que esta vida me deu, nem tão pouco tranquei os pés, pra maldade do tempo. Quero te falar, entregar o que tenho de melhor, tudo aquilo que nunca te contei.
Esta prosa é dura e forte meu filho, não irei fazer rodeio. Nunca pedi alento, e entre os retalhos do tempo, no meio dos juncos pelos açudes, fui forte e pisei firme.
Nesta correria do dia, os anos passaram, e eu não vi e nem senti. Levei um susto, quando em meu abandono eu pensei, parei e me dei de conta, que velho eu me tornei.
Na mediocridade da vida, eu fui contemplado, com histórias e feitos que a após minha sesteada eterna, podes te orgulhar.
Um legado eu te deixo, esta escrito no couro e na alma. Força e sabedoria, são espinhos vencidos por mim, é tua herança, pode confiar.
Um candieiro pra tua caminhada, eu acendi. Pela estrada que irás trilhar um dia andei, e por isto eu sei. Um filho meu, abre qualquer porteira sem carecer baixar cabeça.
Em apenas um verso, é impossível passar as intempérie que a vida te guarda. O tempo é como um gateado solto no campo, ele passa e agente não sente, nunca esqueça.
Filho, aperta o barbicacho, pega do teu mate e vai. Te cuido de longe, como sempre, eu sou teu pai.
Marcos Alves.
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